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A Vida De Uma Intercambista Nos EUA

vida intercambista EUA

Uma de nossas leitoras, a Valdi, estudou como intercambista na Califórnia e vai compartilhar conosco sua experiência. Veja o que ela tem a dizer na entrevista a seguir.

Viver nos EUA: Como foi seu processo de intercâmbio para estudar nos EUA? O que você precisou fazer?

Valdi: Foi um pouco complicado a documentação foi difícil, como nada na vida é fácil… A minha primeira e maior dificuldade foi o apoio, nunca tive isso em casa. Minha mãe não aceitava de forma alguma eu ir embora para os EUA e ela nunca me apoiou em nada que eu quis até hoje.

O segundo foi dinheiro, eu tinha pouco, investi num negócio de fazer colares para vender e isso me rendeu grana, pois aqui a coisa está difícil fiquei muitos anos desempregada e ainda estou, e então evitei pedir pra ela, mas a pior parte mesmo foi lidar com o emocional, isso foi me abalando e muito pois faltou muito o apoio dela e poucas pessoas sabiam, mas essas fizeram a diferença na minha vida e levarei eternamente em meu coração.

Eu tive que guardar segredo de tudo até o dia do embarque acredite, doeu mas foi necessário só avisei a família que estava indo no dia de ir!

V.N.E.: Por quanto tempo você morou nos EUA?

Valdi: Fiquei lá durante 7 meses, minha meta era 2 anos e estava decidida em ficar dois anos, porém imprevistos acontecem!

V.N.E.: O Que você estudou Em Stanford? Você trabalhou durante esse período?Trabalhar fazia parte do seu pacote de intercâmbio?

Valdi: Eu estudei Business Marketing-NO-Marketing com certificação, o curso tem duração de 1 mês, 2 meses e até 4. Geralmente quando fecham a universidade para as férias eles abrem todos os tipos de cursos com várias durações e você só escolhe algo de acordo com o que você quer e pode fazer.

O trabalho fez sim parte do pacote, fui contratada legalmente pelo governo americano para trabalhar como babá em uma casa de família e morei com eles, trabalhava 45 horas por semana inclusive nos feriados e tinha os finais de semana livre.

Era bem cansativo eu tinha muitas responsabilidades mas me adaptei logo, tinha dias que começava as 6 horas da manhã, tinha dias que era as 8 outros que era as 9, dependia do horário de trabalho dos meu chefes e a hora que iriam começar.

Como é legalizado pelo governo não podia trabalhar mais do que 10 horas por dia e mais do que 45 horas semanais, e não podia fazer tarefas domésticas como, limpar a casa deles, lavar as roupas deles. Só podia limpar meu quarto e meu banheiro, fazer a minha comida e limpar o quarto das crianças e fazer a laundry deles.

O meu host dad é arquiteto de TI e a minha host mom é service manager, os horários deles eram diversificados, tinha dias que eles não precisavam trabalhar ou trabalhavam em casa mas eu precisava, como por exemplo nos feriados.

 

V.N.E.: O que você mais curtiu da sua estadia na Califórnia?

Valdi: Tudo o que vivi lá foi incrível, a Califórnia e o lugar que você pode morar perto das montanhas, da praia e da floresta, pode ir fazer hiking de manhã, dar uma passada à praia de tarde e ir esquiar a noitinha.

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O café da manhã da Valdi no Starbucks

Por sorte eu morava perto dos três, eu curti demais o clima, o pessoal bem na verdade são todos educados, te cumprimentam na rua sem ao menos te conhecer, adoro demais a forma como eu era tratada em todos os estabelecimentos públicos, sempre atendida com sorrisos alegres, perguntas sobre o meu dia e descontos hehe…

Assim fiz muitas amizades, no começo foi difícil pois não sabia como me comunicar direito e fiquei perdida, mas fui fazendo muitos amigos e conheci várias pessoas de outros países e isso fez uma diferença danada na minha cultura pessoas que não esquecerei nunca, fiz amigos na famosa Starbucks, ia lá todos os dias ler e ver o pôr do sol eles me conheciam tanto que já sabiam o que eu ia pedir e já deixavam o pedido pronto sempre.

Quando ia a balada o segurança da minha rua deixava o gate aberto pois sabia que eu ia chegar e iria passar por esse atalho, meu amigo que é segurança numa boate já sabia os dias que eu ia ir e ficava por dentro das notícias sobre o Brasil para me perguntar sobre, foi um crescimento grande demais. Adoro a natureza da Califórnia, a beleza das cidades enfim a Califórnia em si e perfeita, segura e tudo de bom!

V.N.E.: O que você mais detestou na mesma?

Valdi: Nunca chovia, e as vezes eu sentia muita saudades da chuva!

V.N.E.: Você conheceu outros estados americanos além da Califórnia? Poderia nos falar da sua impressão sobre cada um deles?

Valdi: Conheci sim: New York, New Jersey, Florida, Oregon e Nevada! Dentre todos eles o que eu mais gostei de ter conhecido foi Oregon, e incrível como achamos que um estado não é interessante mas na verdade todas as cidades dos EUA tem uma história e isso me encantou muito em Oregon.

Fui até no famoso Lago da Cratera e me impressionei com aquela maravilha, dentre os outros eu gostei muito de Nevada, fui até Las Vegas e realmente é um lugar bastante divertido! New York, eu diria que é uma correria mesmo, sinto muita saudades de lá e da Times.

Conheci pouco de New Jersey, fiquei minhas férias na Florida e gostei de lá a praia e deliciosa e lembra muito o Brasil porém, o índice de crimes e bem elevado!

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Crater Lake National Park (Lago da Cratera) em Oregon.

V.N.E.: Quais as diferenças mais gritantes de estudar nos EUA e no Brasil, na sua opinião?

Valdi: Tudo! Eu estou até com medo de começar a faculdade aqui (em fevereiro), é tudo muito diferente, e tudo planejado, as salas de aula são incríveis e aconchegantes te fazem sentir à vontade, e os professores nem se fala.

São muito preparados, estão sempre dispostos a esclarecer tuas duvidas, eles te enviam e-mails com atividades para a próxima aula, te põem em grupo enfim fazem tudo pra ti “se enturmar”, o nível das salas de aula é sem comparação com as do Brasil.

Tive todas as aulas em Datashow e após isso eram enviadas por e-mail para que o aluno revisse todo o conteúdo em casa e levasse para a próxima aula uma conclusão de tudo.

Salas com ar condicionado, prédios limpos e grandes, os famosos lápis amarelos que só víamos nos filmes, crachás com o seu nome esperando numa mesa, bombons como incentivo pelo seu desempenho, e um grande empenho da parte dos professores.

Uma biblioteca imensa, gigantesca com muitos computadores para os alunos porem e necessário ter um cartão para usar os mesmos ao menos em Stanford.

Poucos dias antes de iniciar em Stanford recebi uma carta do reitor (assinada por ele) e um livro com toda a história de Stanford, fotos antigas e todos os cursos disponíveis e valores. Isso te motiva muito!

A universidade em si oferece vários programas e atividades pra você interagir como, jogos do time da universidade, natação e as famosas republicas!

V.N.E.: Qual a melhor parte de estudar numa universidade americana?

intercambista nos EUA
Jadrim na Universidade de Stanford

Valdi: A experiência sem dúvida. Para você chegar até lá tem que ter muita coragem, o aprendizado e a interação em turma também fazem parte!

V.N.E.: Qual a pior coisa na vida de um estudante estrangeiro nos EUA?

Valdi: A distância. Bom, nem todo mundo tem condições de morar perto da universidade e quem não tem, usa carro ou bicicleta. Eu morava 30 minutos de Stanford e tinha que pegar dois trens pois não tinha carro, era muito prático e nem um pouco cansativo pegar o trem.

O motorista e o cobrador eram muito bem humorados e iam o trajeto todo interagindo com os passageiros, mas o cansaço físico e mental e desgastante, eu trabalhava e já ia para a aula a noite e chegava em casa tarde!

V.N.E.: Como é a vida social de estudantes intercambistas nos EUA?

Valdi: Antes de ir pra lá ouvia histórias de que o pessoal tinha preconceito com isso. Bom eu fui muito bem acolhida lá, tive sim dificuldades no começo pois estava sozinha sem conhecer ninguém.

Mas após isso o povo me acolheu tão bem que hoje aqui no Brasil não me sinto em casa, quando você fala que é de outro país eles ficam encantados e principalmente quando se trata do Brasil, eles querem saber de tudo e inclusive citam algumas coisas que eles sabem sobre o Brasil, nem sempre se escutava coisas boas mas…

Enfim, compartilhei muito e recebi muito também e isso foi muito interessante, além de aprender muita coisa pude falar muita coisa do Brasil para quem vinha conversar comigo sobre.

V.N.E.: Você tem alguma dica (s) que você considera indispensável (eis) para quem deseja estudar nos Estados Unidos?        

Valdi: Dedicação, persistência, coragem, meta. Pra mim são as principais coisas que você tem que pensar e fazer, ter meta, depois da meta se encorajar e depois disso se dedicar e persistir pois nem sempre é fácil e nem sempre você consegue as coisas de primeira, mas persistindo e sendo incansável você chega lá!

 

V.N.E.: Se você tivesse como resumir sua experiência de morar nos Estados Unidos, como você faria isso? Você aprendeu algo durante sua jornada? pelo cotidiano americano?

Valdi: Eu aprendi muitas coisas, foi um ano muito muito bom pra mim eu errei muito lá, e com os erros eu aprendi muitas coisas, e deles tirei as coisas boas e as ruins eu excluí da minha vida.

Paguei vários micos lá, e hoje dou risada disso. Aprendi sem dúvidas a escutar mais e falar menos, pois com americanos funciona assim, é uma cultura diferente um país diferente.

As pessoas que você não conhece e elas não são tão simpáticas quanto os brasileiros, elas são mais discretas e não ficam falando o que acham da sua vida aos quatro cantos, ou o que acham das suas roupas, isso é muito bom admiro pessoas assim e me espelhei muito neles, eu tive vários problemas durante esse tempo e diante deles aprendi a traçar um caminho para resolvê-los.

Não foi fácil morar com uma família americana, foi complicado demais eles aceitarem a forma como eu era, mas aos poucos eles foram vendo a pessoa que eu era e hoje me demonstram muito isso e demonstram que sentem a minha falta e que eu fiz a diferença na vida deles.

A jornada nem sempre vai ser fácil, mas se você persistir lá na frente vai fazer diferença e as coisas vão se ajeitar! Aprendi que nem todos os dias vão ser felizes, mas só nós podemos mudar isso, aprendi muito a dar valor nas pequenas coisas da vida, como um pôr do sol por exemplo.

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Hoje não fico um dia sem ver, aprendi a fotografar e a guardar meu sentimento lá pois sei que sempre vou lembrar daquele momento e sentir o sentimento de novo por mais que aquele momento não volte.

Americanos são uma “mess” mas devemos aceitá-los do jeito que são, pois nós também temos nosso jeito. Mas nunca devemos desistir do nosso sonho, tive todos os motivos do mundo mas nem por isso eu desisti, e cá estou contando isso a você! 🙂 Acima de tudo acredite sempre em si mesmo.

Qualquer dúvida, dica eu estarei à disposição no meu facebook: lá tem fotos, vídeos e um pouco sobre os lugares que eu fui. Quem quiser pode dar uma olhada!

Acaba aqui a entrevista com a Valdi. Agradeço a ela pelas informações e pela cortesia de imagens. Você já estudou na Califórnia? Teve uma visão ou experiência diferente? Conte para nós nos comentários abaixo.

Quer saber mais sobre os EUA? Veja os ebooks da Lu

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13 comentários sobre “A Vida De Uma Intercambista Nos EUA

  1. Muito bom..
    Isso chama-se esforço, e vontade de conquistar as coisas..
    Sem dar bola para os problemas, aliás eles estão ali só pra atrapalhar mesmo mas se não dermos conta e dermos conta de achar soluções eles não vão nos atrapalhar e vamos alcançar nossa meta.

  2. Muito bacana essa entrevista.
    Tenho duas perguntas : de qual “lápis amarelo” ela estava falando?
    E quanto anos ela tem?

  3. Lu , existe alguma empresa americana que esta contratando aqui no brasil para trabalhar nos EUA , se sim ? quais são elas e as áreas que precisam .

  4. Muito bom mesmo esse post. Lu, gostaria de deixar aqui uma sugestão: teria como colocar mais depoimentos desse tipo? Onde a gente possa ler os relatos pessoais de cada um?

  5. Não sei João Vitor. Mas o que você pode fazer é tentar uma vaga em alguma filial americana no Brasil, dessa forma a oportunidade de transferência para cá pode pintar. Empregos com alta demanda aqui são os do ramo científico e tecnológico.

  6. Você quer dizer de pessoas que moram aqui e como elas vieram? Se for isso, sim é possível. Obrigada pela sugestão,.

  7. Obrigada pessoal. Então Jordan eu tenho 19 anos, fui com 18. Os lápis eu digo pelos filmes que sempre assisti, aqueles em que tem as escolas americanas e os alunos nas carteiras com os lápis amarelos :)))

  8. Depois que li esta entrevista me identifiquei mto pois e exatamente o que eu quero fazer, vou terminar a escola agora e quero fazer faculdade ou arranjar um trabalho nos EUA! Podem me dizer como conseguir isso ou o que você fez para ficar no pais como vocr ficou?

  9. Então Rafael você precisar ter dinheiro pra custear seu curso, mas o mais fácil e ir como turista lá você pode se informar nos colleges de cursos e fazer um curso neles, ou esses de verão que nem tem em Stanford, não sai barato! Mas você pode ficar 4 meses como turista e trocar pra visto de estudante se estiver matriculado na faculdade já, pode ficar até fazendo ESL (English as Second Language) mas não pode de forma alguma trabalhar na verdade pode mas vai ser ilegalmente…

  10. Nossa amei a entrevista !!!
    Valdi , qual foi o custo de toda a viagem? Eu sei que varia de pessoa pra pessoa , dependendo do que ela quer , pra onde ela quer ir , etc… Mas é só pra ter uma ideia. Bjss!

  11. Anny, gastei menos de 3 mil reais em tudo, incluindo o visto e os gastos extras de hospedagem e alimentação no Rio. Como trabalhei lá eu não tive muito gasto, pois eu só fui mesmo porque ganhei a passagem se não não teria como ir mesmo!

  12. Adorei a entrevista!

    Valdi, parabéns primeiro pela força de vontade! Agora gostaria de saber em qual faixa de preços em dolares os cursos de Stanford encontram-se ?

    Abraços!

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