Já escrevi sobre as coisas do Brasil das quais não sinto falta ( as quais também podem ser chamadas de coisas do Brasil que não gosto) e para ninguém achar que só falo coisas boas dos Estados Unidos, vou falar sobre aquilo que não gosto muito por aqui.
Agora, já disse várias vezes pelo blog e repito: não existe lugar perfeito no planeta e jamais disse que os Estados Unidos é o paraíso. Somente que gosto muito de morar aqui e essa é minha opinião e ponto final. Cada um na sua.
Mas para os que perguntam se há coisas por aqui que não gosto, eu digo que sim e vou usar como base o artigo que um rapaz irlandês que gosta muito do Brasil (provavelmente muito mais do que eu).
Coloquei o link para esse artigo dele na nossa página do facebook, mas se você quer ler ele, pode fazê-lo aqui.
Americanos a la Dia de Fúria (lembra daquele filme com o Michael Douglas?)
Uma das primeiras coisas que ele reclama (e que muitos outros povos reclamam por sinal) é do turista americano e os hábitos que eles têm. Se você quiser saber quais as manias deles que pessoalmente me irritam, falei sobre elas nesse post anterior.
Americanos são geralmente felizes mas quando eles estão de mau humor, sai de perto. E infelizmente isso é comum aqui no Sul da Flórida com tantos americanos que vêm do nordeste americano e eles são famosos por sua indelicadeza.
Para definir a pressa do americano, pegue a pressa normal e multiplique pelo infinito:
Mas obviamente americanos vivem com pressa e qualquer demora pode ser motivo suficiente para irritar as feras ou para fazê-los fazerem coisas estúpidas n trânsito (você já dirigiu na Flórida? Nem te falo).
Curtir a vida de maneira diferente:
Se você assistiu ao filme Eat, Pray, Love da Julia Roberts (sim, aquele onde o suposto marido brasileiro da personagem dela tem um sotaque espanhol sem limites rsrs) quando os italianos falam dos americanos, eles dizem que americanos não sabem como curtir a vida de verdade. Aquilo me fez pensar…
Em parte isso é verdadeiro, americanos possuem uma mente no trabalho que muitas vezes possui a dificuldade de desligá-la completamente do trabalho mesmo quando de férias, por exemplo. Toda a conveniência tecnológica aqui só piora a situação em certos casos (as esposas e famílias de muitos executivos que o digam).
Mas também penso e vejo que americanos curtem a vida de maneira diferente dos brasileiros e talvez dos italianos também. Festas nos EUA terminam bem antes das suas exemplares brazucas (mesmo quando eles prometem que elas acabarão quando o Sol raiar) e quem sabe das italianas (se você já morou na Itália me diga). Esse é só um exemplo da diferença cultural em relação à como aproveitar a vida.
Leis esquisitas e algumas delas ridículas:
Concordo que seguir as leis é uma das coisas que mais admiro nos Estados Unidos (estou longe de dizer que todos as seguem, senão não haveria ninguém em penitenciárias daqui, mas que a maioria da população as segue e as respeita). No entanto há certas leis aqui que não fazem sentido, bem pelo menos não para pessoas estrangeiras acostumadas com outros tipos de lei.
Talvez o “erro” aqui seja seguir todas as leis, até as mais ridículas. Quer exemplos de leis arcaicas e algumas não tão arcaicas assim que podem ser chamadas de no mínimo estranhas? Dê uma lida nesse texto nosso.
A questão do “vou te processar”:
Nos Estados Unidos é basicamente possível e passível de se processar pessoas por praticamente quaisquer motivos. Vire e mexe se ouve sobre processos mirabolantes e por essa razão vemos aqueles rótulos de produtos com instruções que parecem terem sido escritas para consumidores burros.
Processar é algo tão comum que se vê propagandas de advogados de todos os tipos, de hora em hora na televisão.
Onde se pode espremer uma gotinha de dinheiro, lá estão os advogados especializados em casos extraordinários para te aconselhar e olha que esses conselhos não são baratos.
Carros, carros e mais carros:
Certa vez quando acabei de conhecer um islandês, comentei sobre a vida louca nos EUA e sobre o trânsito e os carros e sobre a falta de calçadas. Coisa que achei muito irracional logo ao chegar aqui. Quando se acha calçadas é só de um dos lados da rua, quando se acha as mesmas dos dois lados, ver gente andando nelas é quase um milagre.
O que ele me disse depois do meu “desabafo” foi mais ou menos o seguinte “então são vocês uns dos principais responsáveis pela destruição do nosso meio ambiente, hã?”. Aquilo para mim foi um choque, mas quando parei para comparar a vida deles na Islândia e na nossa aqui com a obrigação do um carro per capita… Talvez eles tenham um pingo de razão.
O mito da melhor educação do mundo:
Sim, algumas das melhores universidades do planeta se localizam aqui, no entanto somente esse fato não é o suficiente para provar que o sistema de educação americano é o melhor do mundo. Ele simplesmente não é.
E quando falamos de diferenças de nível regionais a coisa fica mais berrante ainda. Infelizmente, o estado da Flórida (seja tanto no ensino fundamental quando no ensino superior) é um dos piores no quesito qualidade escolar.
Alguns estados americanos são melhores, mas o que me incomoda muito é a influência que a sub-divisão administrativa regional (os condados) possui sobre aquilo que se ensina ou deixa de ensinar em escolas americanas e que muitas vezes até grupos religiosos se intrometem na história (não tenho nada contra religião e acho que cada um tem o direito de seguir aquela que bem entende mas quando querem tirar evolucionismo do currículo escolar por que a Bíblia diz que não evoluímos de primatas, bem… aí a coisa pega).
Outra coisa que não gosto muito é do fato do currículo escolar americano e por consequência empregos e carreiras profissionais aqui serem muito especializadas. A educação geral (e matérias gerais que são importantes) deixam de ser ensinadas ou ficam a critério dos próprios alunos.
Já vi um estudante universitário americano que cursava engenharia me dizer que jamais tinha aprendido física e química no ensino médio e fundamental. Que escola era essa? Escola da Flórida, algo que não me fez muito contente já que meu filho estuda em escolas daqui.
A Pílula:
Se você não acompanha os pormenores da corrida eleitoral para a presidência americana (e espero que a mídia daqui não divulgue notícias desse tipo para o Brasil) não tem noção dos tópicos que causam alvoroço entre o eleitorado, ou quem sabe os assuntos que a mídia usa para distrair o povo.
Uma das mais recentes ( a bola da vez é o fato da mulher de um dos candidatos jamais ter trabalhado um dia na vida dela, o que criou o debate das mães do lar verso as mães com carreiras profissionais) foi o debate sobre a pílla anticoncepcional.
Não vou entrar em detalhes, mesmo por que esse alvoroço todo envolvia líderes e instituições religiosas e etc. Mas isso me lembra que uma das coisas que acho um absurdo aqui é o fato de se ter que visitar seu ginecologista praticamente a cada três/seis meses somente para pegar uma receita para poder comprar a pílula.
Sim, entendo dos riscos de usar esse método anticoncepcional (aposto que outras mulheres que a usam entendem também) e concordo que visitas regulares(anuais)ao ginecologista são uma excelente idéia, porém não gosto de ter que agendar uma consulta basicamente com o propósito de pegar um bendito papel, já que essa consulta não sairá de graça e já que pílulas são somente vendidas aqui com receita médica.
Bem, essa é minha lista das coisas que não gosto nos Estados Unidos. Se você também mora nos EUA e gostaria de adicionar ou falar mais sobre o assunto deixe seu comentário abaixo.
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Ola Lu,
Sigo seu blog há algum tempo, desde q resolvi passar 1 ano aqui nos EUA fazendo pós-doutorado.
Nunca deixei comentário, já q estou aqui há pouco tempo e não tenho tanta experiência para compartilhar.
Mas hj estou aqui para concordar com vc: uma coisa q me assustou mto qdo cheguei aqui é a necessidade de se ter um carro. SOCORRO! Não da para andar a pé simplesmente pq nao existem calçadas. Isto é mto ruim! Pelo menos nisto o Brasil o melhor., mas não significa q é bom, ta bem longe disto!… hehehehe
Bjs
Luisa,
Obrigada pelo comentário 🙂 É, infelizmente é essa a realidade da maioria das cidades americanas.
olá Lu,
estou adorando seu blog. Espero que um dia eu esteje aí também rsrs
Puxa, eu moro aqui nos EUA faz quase 3 anos e só vou ao ginecologista anualmente. Ela passa a receita para a farmácia de 12 caixas. Inclusive, quando eu quero não espaçar entre uma caixa e outra e a medicação vai acabar antes de eu ter outra consulta, eu só preciso ligar para o consultário e ela entra em contato coma farmácia colocando 1 ou 2 refis para mim. Achei isso que você falou de retornar a cada 3 ou 6 meses tão estranho. Minhas amigas, mesmo as quemoram em outros estados nos EUA fazem a mesma coisa que eu. Fiquei curiosa para saber o motivo daí ter esse protocolo.
Lorna,
Eu acho estranho o procedimento do seu médico. Meu ginecologista só dá prescrição de refis por 6 meses, aí quando acaba o refil vc liga e marca outra consulta para ele prescrever mais 6 meses de refil. Há médicos que prescrevem apenas para 3 meses. Esse protocolo existe pois médicos abusam de receitas e dão receitas a mais sem consulta e o FDA tá controlando prescrições abusivas. Ás vezes nem é para os pacientes a medicação já que alguns deles vedem o excesso e etc…
Olá.. vou passar uns 4 meses em Boston.. posso levar meu anticoncepcional do brasil. E preciso de receita para levar 4 caixa.. E também uso bombinhas diferentes para bronquite. Preciso de receita? Obrigada
Mariela,
É bom trazer a receita sim (para os dois) já que eles podem pensar que é contrabando.
Amei seu blog, Vc esta ajudando muito….
Olá Daniella,
Obrigada pela participação! Volte sempre! 🙂
Estou amaaaaaaando seu blog vc fala sobre rudo e e isso que eu gosto abrç..
Obrigada pelo comentário, Thainá. Volte sempre!
Nada relevante, nada que se compare aos patético Brasil, isso tudo não me assustou, só me motivou. Tipo, poderia te responder: só isso? e quando vão começar as coisas ruins, coisas ruins a nível Brasil?
Olá Rodrigo,
O objetivo do texto não é “assutar” ninguém. Somente mostrar que todo lugar tem seus lados negativos e positivos. Os EUA não é exceção e não é um paraíso ou um país perfeito. Coisas ruins que nem o Brasil, só no Brasil.